quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Lula assina decreto que garante direito à alimentação adequada

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Hoje 25/08/2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina nesta quarta-feira o decreto que institui a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. A cerimônia ocorre durante a reunião plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), que começa às 17h30 no Palácio Itamaraty.

O documento define a forma de gestão, o financiamento, a avaliação e o controle social e busca para assegurar o direito à alimentação adequada e saudável em todo o País, conforme prevê a Constituição Federal e a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan).

Participam da solenidade a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, e o presidente do Consea, Renato Maluf, entre outras autoridades.


Agência Brasil

domingo, 1 de agosto de 2010

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Muito legal essa entrevista com Glauce Hiromi Yonamine, nutricionista das Unidades de Alergia, Imunologia e Gastroenterologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Especialista em Saúde, Nutrição e Alimentação Infantil pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda em Ciências pelo Departamento de Pediatria da FMUSP.

Qual a idade em que há diminuição do apetite da criança e porque isto ocorre?


Geralmente, a diminuição do apetite se inicia a partir do final do primeiro ano de vida porque, nesta fase, ocorre desaceleração da velocidade de ganho de peso e crescimento, a qual se mantém durante a fase pré-escolar. Além disso, a criança começa a se interessar mais em descobrir o mundo ao seu redor, já que começa a andar. Por isso, a alimentação deixa de ser sua principal fonte de prazer.

Como diferenciar a falta de apetite fisiológica da patológica?

É preciso uma avaliação médica para excluir causar orgânicas para a recusa alimentar, como infecções, parasitoses, carências de vitaminas e minerais, distúrbios de deglutição, doença do refluxo gastroesofágico, alergia alimentar etc. Existem alguns sinais que podem auxiliar no diagnóstico entre falta de apetite de causa não orgânica da falta de apetite de causa orgânica. Geralmente, a criança com falta de apetite de causa não orgânica apresenta ganho de peso e estatura adequados e podem-se perceber, especialmente, práticas inadequadas dos pais para a alimentação, devido à falta de orientação e ansiedade deles em alimentar a criança, como:

- alimentar a criança à noite, enquanto ela está dormindo ou sonolenta porque ela não se alimentou direito durante o dia;

- alimentar mecanicamente, estabelecendo horários rígidos para a alimentação, sem respeitar a saciedade ou oferecendo os alimentos como se a criança fosse um objeto inanimado;

- tentar alimentar a criança constantemente, geralmente sem sucesso, independente do apetite da criança, na tentativa de fazer com que a criança aceite mais um pouco de alimento ou bebida;

- forçar a alimentação, mesmo após recusa da criança e contra a sua vontade (por exemplo: abrir a boca da criança e colocar o alimento à força);

- distração condicional, isto é, a criança só aceita a refeição se houver distração (com música, televisão, brinquedos, se estiver andando) e não demonstra interesse em se alimentar;

- prolongar a refeição por mais de 30 minutos, apesar do insucesso em alimentar a criança.

Outros fatores que podem indicar a falta de apetite de causa não orgânica são os problemas de dinâmica familiar e comportamentos inadequados da criança, como seletividade (aceitação de apenas um tipo de alimento ou alimentos de determinada cor), ânsia de vômito antes da refeição ou ao colocar o alimento na boca, e recusa ao alimento (virando a cabeça) quando este é oferecido.

Quais os objetivos da nutrição nos casos das crianças que “não querem comer”?


Os objetivos da nutrição são: garantir crescimento e desenvolvimento adequados; encorajar a formação de hábitos alimentares saudáveis, prevenindo doenças crônicas do adulto, a desnutrição e a instalação de um distúrbio alimentar real.

Como os alimentos devem ser oferecidos às crianças?


De maneira geral, os pré-escolares devem receber de 5 a 6 refeições ao dia (café da manhã, almoço, jantar e de 2 a 3 lanches), em intervalos regulares (a cada 2 a 3 horas), mas sem rigidez, isto é, respeitando os sinais de fome e saciedade da criança. Todos os grupos de alimentos devem ser oferecidos e de forma variada. Os alimentos devem ser colocados no prato em pequena quantidade, permitindo repetição por solicitação da criança. Deve-se desencorajar as refeições noturnas, a oferta de guloseimas e de sucos entre as refeições. As crianças devem se sentar à mesa, realizar as refeições junto com a família, sendo estimuladas a se alimentar sozinhas, mas sempre com supervisão. Em caso de uso de mamadeiras, estas devem ser substituídas pelo copo.

Que estratégias podem ser utilizadas para incentivar o consumo alimentar?


A criança deve ser preparada para a refeição, isto é, avisá-la para ir finalizando a brincadeira ou qualquer outra atividade minutos antes da refeição e ir se “aprontando” para a refeição. Pois, se a criança está completamente envolvida com brincadeiras e é interrompida bruscamente, haverá maior resistência para sentar-se à mesa para a refeição.

Os alimentos devem ser arrumados no prato de forma agradável, podendo ser útil utilizar pratos com divisórias, para aquelas crianças que gostam de ver os alimentos separados.

Nessa fase é comum a neofobia, isto é, resistência a experimentar novos alimentos. É importante variar a forma de oferta dos alimentos e expor a criança ao mesmo alimento de 8 a 10 vezes, em ocasiões diferentes, para que ela aprenda a consumi-los. A oferta do alimento novo no início da refeição, quando a criança está com mais fome, pode facilitar a aceitação. Enfatizar a cor, forma, aroma e textura dos alimentos para despertar o interesse da criança.

Os pais devem servir como exemplo, consumindo uma alimentação saudável e variada, pois as crianças se espelham neles.

A participação na compra e preparo dos alimentos, de forma lúdica (dar nomes aos alimentos, fazer desenhos com alimentos, ajudar a picar, adicionar ingredientes as preparações) ajuda a aumentar o interesse em consumi-los.

Se a criança recusar os novos alimentos, os pais não devem demonstrar ansiedade ou nervosismo, pois isso só gera estresse e piora a recusa alimentar. Nestas situações a criança pode estar querendo chamar a atenção dos pais, sendo necessário dar carinho e atenção em outros horários do dia.

Pode ser utilizada a estratégia de compensação para o consumo de sobremesa caso a criança consuma toda a refeição?

Não se deve exigir que a criança coma tudo o que está no prato, mas sim, permitir que ela respeite os sinais de saciedade. Também não é recomendado insistir, fazer chantagem, pressão, punir ou prometer premiações como a sobremesa. Estas estratégias só pioram a aceitação dos alimentos em longo prazo. A sobremesa e os outros doces não devem ser supervalorizados, mas sim oferecidos eventualmente, como mais uma preparação, com limites quanto ao horário e quantidade. Os alimentos não devem ser divididos em “bons” e “ruins” ou “permitidos” e “proibidos”, pois isso só aumenta a vontade de comer aqueles alimentos que são “ruins” ou “proibidos”.

O ambiente da refeição influencia na ingestão?


Sim, o ambiente deve ser calmo e agradável, sem brigas no momento da refeição, para que a criança tenha experiências positivas em relação à alimentação.

Quais orientações podem ser dadas às famílias?

Os pais devem ser orientados quanto às características da alimentação dessa fase e devem ser tranquilizados para não supervalorizar a diminuição do apetite. Os pais devem oferecer alimentos nutritivos e variados, estabelecer rotinas e horários para a alimentação, oferecer as refeições em ambiente agradável e aceitar a variabilidade da alimentação deste período. Devem saber que as crianças têm o direito de participar na escolha dos alimentos (sempre entre opções saudáveis), de ter preferências e aversões e de decidir o quanto querem comer.

É importante orientar sobre o sentimento de culpa, principalmente entre pais que trabalham fora do lar e a incapacidade de impor limites à criança como forma de compensação às crianças.

A mamadeira de leite pode ser oferecida no lugar de uma refeição?

A mamadeira nunca deve ser oferecida em substituição à refeição salgada (almoço e jantar), pois a criança não aprenderá a consumir os alimentos destas refeições e sempre manipulará os pais para receber o leite, que geralmente é o alimento mais preferido, pois a criança já está acostumada com o sabor e não precisa mastigar.

É indicado “esconder” verduras entre outros alimentos de melhor aceitação?

Esconder as verduras em outros alimentos bem aceitos não é aconselhável, já que a criança não aprende a comer adequadamente. A criança precisa ver o alimento e saber o que está comendo, pois só assim, aprenderá a ter uma alimentação saudável e variada.

Existe algum suplemento alimentar que possa aumentar o apetite destas crianças?

Na maioria dos casos, as crianças não precisam de polivitamínicos ou suplementos alimentares, já que estes não irão exercer efeito sobre o apetite e não solucionarão o problema. Geralmente, as crianças consomem os nutrientes em quantidade adequada para o ganho de peso e crescimento, quando se avalia a alimentação por períodos maiores do que apenas durante um dia. Em casos de pais muito ansiosos, os polivitamínicos ou suplementos alimentares podem funcionar como placebo, permitindo maior adesão dos pais às orientações e maior sucesso do tratamento, mas isso deve ser avaliado individualmente.

Nestes casos, a ingestão de líquidos deve ser evitada junto com as refeições?

A ingestão de líquidos durante o almoço e jantar deve ser desencorajada. A criança deve tomar água nos intervalos, para não sentir sede no momento da refeição e no máximo, tomar um copo pequeno de água ou suco natural, após a refeição. Isto porque a criança pode encher o estômago de líquido e deixar de consumir os alimentos da refeição, além haver falta de estímulo para a mastigação, já que os líquidos auxiliam no processo de deglutição.

É importante que seja feita uma avaliação de composição corporal nestas crianças?

Estas crianças devem ter o peso e estatura aferidos em diferentes consultas para avaliar a evolução destes parâmetros. A explicação sobre a curva de crescimento, demonstrando aos pais que a criança está crescendo dentro dos padrões de normalidade ajuda a tranquilizá-los.

Nutrição parenteral enriquecida com óleo de peixe é benéfica no pós-operatório

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Metanálise demonstrou que emulsões enriquecidas com óleo de peixe (OL) foram seguras e efetivas na redução do tempo de internação hospitalar (diferença de –4,65 para –1,31; p<0,001), permanência em unidade de terapia intensiva (UTI, diferença de –3,04 para –0,56; p=0,004), diminuição dos riscos de infecções (p=0,04), aumento dos níveis plasmáticos de ácidos graxos poliinsaturados (PUFA), nas enzimas hepáticas (aspartato aminotransferase, alanina aminotransferase; p<0,001) e no alfa-tocoferol (de 12,65 para 18,22; p<0,001) sanguíneos em pacientes submetidos a cirurgias abdominais. Os autores selecionaram 13 artigos controlados e aleatórios de alta qualidade, publicados entre 1996 e 2008, envolvendo 892 pacientes submetidos a cirurgias abdominais de grande porte que receberam NP padrão (com lipídios convencionais) em comparação com NP enriquecida com OL. Dosagens de OL entre 0,07 e 0,225 g/kg de peso corporal/dia foram bem toleradas e diminuíram significativamente o tempo de internação hospitalar na maioria dos pacientes incluídos neste trabalho. Apenas um estudo, que utilizou 20 g/dia de OL durante o 3º a 5º dias do pós-operatório não encontrou diferenças significativas na internação hospitalar e em UTI entre os dois grupos. “O alfa-tocoferol é um dos antioxidantes mais efetivos. Deste modo, emulsões enriquecidas com OL são suplementadas com diferentes concentrações de alfa-tocoferol. No 6º dia de pós-operatório, o alfa-tocoferol plasmático aumentou significativamente nos pacientes que receberam OL. Portanto, a administração desta emulsão lipídica pode resultar na circulação em quantidade desejável de alfa-tocoferol, contribuindo para o estado antioxidativo adequado destes pacientes no pós-operatório”, explicam os autores. Em relação aos níveis de PUFA nos fosfolipídios plasmáticos foram encontradas diferenças significativas. quanto ao ácido eicosapentaenóico (EPA, diferença foi de 1,82 para 4,39, p>0,001) e ácido docosahexaenóico (DHA, diferença de 0,38 para 2,79, p=0,01), mas não quanto ao ácido araquidônico (AA, diferença de -0,24 para 0,47, p=0,51), entre o grupo que recebeu emulsão lipídica com OL e o grupo que recebeu emulsão lipídica padrão).


“Uma das limitações desta meta-análise foi que nenhum estudo determinou o melhor momento para o início do tratamento com emulsões enriquecidas com OL”, argumentam os pesquisadores.