sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Dieta melhora sobrevida de pacientes que tiveram câncer de mama

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Pesquisadores norte-americanos publicaram na revista Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention um estudo mostrando que uma dieta classificada de boa qualidade está associada com menores níveis de inflamação crônica em pacientes que sobreviveram ao câncer de mama.

Existem evidências de que hábitos de vida saudáveis, incluindo a qualidade da dieta, podem estar associados com melhor sobrevida em pacientes que tiveram câncer de mama.

Estudos científicos têm destacado a importância do valor prognóstico da inflamação e da resposta imune em mulheres em estágio inicial do câncer de mama. Entre as sobreviventes do câncer de mama, maiores concentrações de proteína C-reativa (PCR) e amilóide A sérica (SAA), que são marcadores de inflamação crônica, têm sido associados com pior sobrevida.

Estes biomarcadores relacionados à sobrevida são importantes para estudar a relação entre as escolhas dos padrões alimentares após o diagnóstico do câncer de mama e a inflamação crônica, pois alguns componentes da dieta possuem propriedades pró ou anti-inflamatórias.

Assim, o objetivo dos pesquisadores foi de investigar como a qualidade da dieta está relacionada com biomarcadores da inflamação em mulheres sobreviventes ao câncer de mama e determinar se a atividade física pode modificar as associações observadas.

Participaram do estudo 746 mulheres com diagnóstico de câncer de mama em todos os estágios. As mulheres deveriam ter pelo menos seis meses de diagnóstico da doença e foram acompanhas durante trinta meses.

Os biomarcadores de inflamação analisados foram as concentrações séricas de proteina C-reativa (PCR) e proteina amiloide A sérica (SAA), além de hormônios produzidos pelo tecido adiposo, como a leptina e adiponectina.

Para avaliar o consumo alimentar durante os trinta meses, foi utilizado um questionário de frequência alimentar (QFA), desenvolvido e validado pelo Women's Health Initiative, conhecido como questionário WHI-FFQ, adaptado pelo Health Habits and Lifestyle Questionnaire. Este questionário é capaz de detectar os alimentos relevantes para grupos populacionais multiétnico e geograficamente diversificado, produzindo com confiança as estimativas que correspondem ao consumo alimentar dos indivíduos.

A qualidade da dieta foi medida através do Healthy Eating Index-2005 (Índice de alimentação saudável - HEI-2005), que utiliza uma abordagem com 12 componentes alimentares considerados importantes para a qualidade alimentar (como suco de frutas, frutas, vegetais em geral, vegetais verde-escuros e amarelados e legumes, grãos totais, grãos integrais, leite, carne e feijão, óleos, gordura saturada, sódio e por fim calorias de gorduras sólidas, bebidas alcoólicas e açúcares adicionados).

A classificação dos pontos foi feita em quartis (Q1 a Q4), em que quanto menor (Q1) a pontuação pior a qualidade da dieta e quanto maior (Q4), melhor a qualidade.

As mulheres que apresentaram melhor qualidade alimentar, quando comparadas com aquelas com pior qualidade (Q4 versus Q1), apresentaram concentrações significativamente mais baixas de PCR (1,6 mg/L versus 2,5 mg/L, p=0,004). No entanto, não houve diferença significativa nas concentrações de SAA, leptina e adiponectina.

Quando os pesquisadores avaliaram individualmente cada componente alimentar, os escores mais altos no consumo de vegetais verdes-escuros e amarelados e legumes foram significativamente associados com menores concentrações de PCR. A dieta de melhor qualidade foi associada com menores concentrações de PCR mesmo entre as mulheres que não realizam atividade física. Os pesquisadores relataram que não foram encontradas evidências entre menor índice de massa corporal e menor concentração de PCR.

“Nosso estudo preenche uma lacuna importante na literatura, definindo a inflamação como um mecanismo potencial pelo qual a qualidade da dieta pode afetar a sobrevida, independentemente da idade, raça, consumo calórico, IMC e atividade física. Isso sugere que entre mulheres que sobreviveram ao câncer de mama, consumindo uma dieta de melhor qualidade, podem obter menores níveis de inflamação crônica e este fator está está associado ao aumento da sobrevida”, comentam os pesquisadores.

“Estudos de coorte maiores com as sobreviventes ao câncer de mama, por meio de acompanhamento a longo prazo são necessários para confirmar nossos resultados. Dessa forma, será possível investigar como a diminuição da inflamação está relacionada com a qualidade da dieta e com melhora da sobrevida, além da melhor compreensão com relação a heterogeneidade dos resultados entre as populações”, concluem.